quarta-feira, 8 de junho de 2022

Lenda da Gafanha da Boa Hora

 





Caríssimo:

Quando há dias recordávamos que, na Fonte das Sete Bicas, há uma imagem sacra a quem as grávidas pedem “uma boa horinha”, fui junto do Padre João Vieira Rezende ler o que escreveu na sua Monografia da Gafanha, na página 151:

«... O povo da Vagueira pensou desde logo na construção de uma capela sua, o que se efectuou em 1891. … Foi interessante como foi escolhido e dada preferência ao nome do orago do seu templo. Construído este, passavam-se os meses com opiniões, propostas e alvitres os mais contraditórios, sem que nada se decidisse sobre o nome do orago, pelo que não era aberto ao culto.

José dos Santos Tendeiro, dali, tanto na Vagueira como na Costa Nova, em cujas companhas trabalhava, repetia sempre a apóstrofe graciosa: “a capela está feita; o diabo é o Santo”. A chalaça, irreverente e grosseira, nem sequer podia ter a atenuante de ser pronunciada , mais por um ignorante ou vil gracioso, do que por um malicioso e mau. No entanto, a grosseria repetia-se, e foi ela que decidiu a questão.

Fernando Vergas, rachador de lenha, da Gafanha da Nazaré, ou no exercício do seu ministério na Vagueira, ou na pesca na Costa, teve uma ideia luminosa, e em presença do gracioso resolveu a dificuldade. “A vossa Padroeira, disse, será Nossa Senhora da Boa Hora, e as vossas mulheres terão uma boa Protectora nas horas de aflição”. É escusado dizer que se referia às parturientes. E hoje a capela é dedicada Àquela celeste Padroeira.»

Então que Nossa Senhora traga «uma boa horinha»

Manuel

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