Caríssima/o:
Vento forte. Nuvens escuras. Frio intenso. Fevereiro. 1953.
O grupo bastante numeroso pedalava rijo, contra a ventania, na estrada entre as marinhas e o canal da Ria, onde as tamargueiras oscilavam e nos protegiam de alguns borrifos de espuma e água salgada. O liceu ainda distava um bom quarto de hora e com este tempo íamos chegar todos ensopados. Agora cada um dava o que podia e, de quando em vez, as rabanadas do vento atiravam-nos uns contra os outros e, às guinadas, lá nos conseguíamos segurar e seguir em frente.
Mas, de repente, ouve-se um estrondo, um grito de aflição e alguém que ordena:
- Alto! Parem! F. caiu à água!
Os que íamos mais adiantados voltámos atrás. Depois de retirado do poço o infeliz e de içada a bicicleta, ele regressa a casa para se ‘recompor’ e o grupo apressa-se a fugir de mais uma garroa que ameaça.
Manuel
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