Caríssima/o:
Toda a festa deixa um lastro de cansaço e de nostalgia. Então com o São Paio nem se fala...
Imaginem que Marques Gomes afirmava em 1899 que a festa «atrai à Torreira milhares e milhares de romeiros» e é «a festa mais popular e concorrida do distrito». O momento alto das festividades consistia no dar banho ao santo em vinho tinto, na véspera e no dia da festa, para beber-se de seguida o vinho, o que se acreditava afastar as doenças.
E o Prof. Dr. Egas Moniz, no seu livro “A Nossa Casa”, escreveu: «Todos os anos pela ocasião da festa havia promessas de, se as sezões passassem, darem ao infeliz santo um banho de vinho numa tigela de barro vermelho que depois corria em redor pela família, para beberem o líquido santificado. Atrás de uns vinham outros e, nestas libações, de tipo pagão, se passavam horas, Hoje acabou a prática desses tempos, não sem protestos violentos dos amigos do santo milagreiro e da bebida dada em redor, havendo quem estivesse sempre pronto a receber os restos com as respectivas consequências. E lá se foi a cantiga do meu tempo:
Ó S. Paio da Torreira
Ó milagroso santinho,
Hei-de cá voltar pró ano
Lavar o santo com vinho.»
O postal vai mais longo mas o santo merece-o.
Manuel
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