quinta-feira, 26 de maio de 2022

Dia da espiga

 

Caríssimo:

Quantas vezes neste dia ouvi meu Pai dizer com um tom de voz que vinha bem lá de dentro:

«Se os passarinhos soubessem quando é o dia da Ascensão não punham o pezinho no ninho nem o biquinho no chão.»

Eram outros tempos.

Os da minha geração ainda apanharam algum do perfume dessa época, mas conseguir conservá-lo e transmiti-lo ... isso é outra estória.

Segundo a tradição, o dia da espiga era considerado “o dia mais santo do ano”, em que não se devia trabalhar.

As pessoas partiam num passeio matinal pelos campos para colherem espigas e depois fazerem um ramo que incluía  oliveira, alecrim e videira e também flores silvestres como papoilas ou malmequeres.

Os antigos colocavam o ramo atrás da porta de entrada de casa e apenas seria substituído no ano seguinte, por um ramo novo, como símbolo de sorte e prosperidade do lar.

Para os mais supersticiosos, em dias de trovoada, deviam queimar-se algumas das espigas do ramo para afastar os raios e trovões.

E com os melhores votos se fica o

Manuel


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