Caríssimo:
Quantas vezes neste dia ouvi meu Pai dizer com um tom de voz que vinha bem lá de dentro:
«Se os passarinhos soubessem quando é o dia da Ascensão não punham o pezinho no ninho nem o biquinho no chão.»
Eram outros tempos.
Os da minha geração ainda apanharam algum do perfume dessa época, mas conseguir conservá-lo e transmiti-lo ... isso é outra estória.
Segundo a tradição, o dia da espiga era considerado “o dia mais santo do ano”, em que não se devia trabalhar.
As pessoas partiam num passeio matinal pelos campos para colherem espigas e depois fazerem um ramo que incluía oliveira, alecrim e videira e também flores silvestres como papoilas ou malmequeres.
Os antigos colocavam o ramo atrás da porta de entrada de casa e apenas seria substituído no ano seguinte, por um ramo novo, como símbolo de sorte e prosperidade do lar.
Para os mais supersticiosos, em dias de trovoada, deviam queimar-se algumas das espigas do ramo para afastar os raios e trovões.
E com os melhores votos se fica o
Manuel
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