MARIA DOS ANJOS DE MATOS

 

Minha Senhora:

Há pessoas que têm o condão especial de viverem muito à frente do seu tempo. Digo isto, porque quando o Papa Francisco começou a falar de Sinodalidade, nos lembrámos da sua pessoa.

Dizia ele que a Sinodalidade tem três características: comunhão, participação, missão.

Ora, não há dúvida, que a Senhora durante a sua longa vida se pautou por esses princípios e foi no Monte da Murtosa, e não só, o exemplo de alguém que os viveu e criou escola.

Bem haja pelo muito que nos ensinou

Manuel

ARMINDA MARQUES TAVARES

 

Caríssima Doutora:

Era a médica da nossa família, lembra-se?

Certamente que não, mas nós é que a temos sempre presente já que sentíamos o seu amparo e a segurança que nos dava nos momentos difíceis da aflição.

Mais uma coisa lhe digo:

Naquele dia em que a luta era mais intensa e a esperança nos fugia porque a medicina era impotente, sussurrou:

- Se fosse a minha Mãe, era assim que eu fazia!

Aceite o preito da nossa gratidão e a admiração do

Manuel

ADELAIDE ZANAGA

 

Viva Ti Adelaide:

Você era uma figura popular, de tal maneira que em Alinhavos, no jornal Litoral (que se publicava em Aveiro), de 21 de Março de 1986, Gonçalo Nuno a retratou assim:

«Das peixeiras que calcorreavam a Barra de porta em porta, houve duas que ficaram sempre na minha lembrança: a ADELAIDE dos linguados e a ROSA CALISTO com os robalos e as corvinas. E aquilo é que era peixe.

A ADELAIDE ia todos os dias a Aveiro.

Era uma mulher corpulenta, com o xaile enrodilhado à cinta, cara abolachada e sardenta, com a peculiaridade de ter voz de homem, grossa e um pouco rouca.

Quando sabia que nós já tínhamos chegado para férias, ela aparecia logo com os apetecidos linguados, quantas vezes reservados por debaixo do 2º oleado da canastra...

Era uma mulher comunicativa, bem disposta e bem afreguesada, mas a queixar-se sempre das suas pobres pernas, carregadas de varizes. E sentava-se um pouco no nosso passeio, achava que nós tínhamos crescido muito e ia comendo um naco de boroa e um cacho de uvas para ir aguentando a manhã, dizia. ...»

Saúda-a e mais não acrescenta o

Manuel

FLORENCE NIGHTINGALE

 

Senhora Enfermeira:

Quando chega o mês de Agosto, a sua figura refulge no meu horizonte pois se aproxima a data do armistício de uma guerra terrível e ainda (agora vai sorrir!...) me lembra o meu alistamento militar.

Foi, de facto, numa guerra, na Crimeia, que a sua lenda nasceu: nessa altura, andar uma rapariga, de noite, de lanterna na mão, a tratar os militares feridos!

Bem, fostes a pioneira da enfermagem moderna.

A humanidade não vos esquece e aí fica a homenagem simples do

Manuel

MARIA ANTÓNIA MARQUES GUERREIRO

 

Olá Irmã:

A vida é cheia de surpresas. Estava doente, sabíamos; mas a sua partida ainda hoje se nos apresenta como uma surpresa.

Outros já falaram (e falarão...) do muito que semeou; vou apenas recordar uma pequena semente que, num momento inquietante, deixou em nossa casa:

Aceitação

Tu é que sabes, Senhor...

Tu é que sabes

como hão-de as ondas bater...

eu gostava talvez mais

que fosse só lá ao longe,

e que o fustigar das vagas

me não fizesse doer.

mas se é melhor assim,

deixá-las vir modelar

a minha rocha

e que a batam sem cessar!

- que o que importa, Senhor,

é que vá tomando o jeito

que a Tua mão lhe quer dar!

Que o seu sorriso nos ajude a tomar o jeito

Manuel

TERESA MACHADO

 

Caríssima:

Sabes uma coisa? Li este recorte:

Teresa Machado foi a melhor atleta portuguesa de todos os tempos nas disciplinas do Lançamento do Peso e do Lançamento do Disco e, no seu tempo, uma das melhores do mundo nesta última especialidade, isto apesar de nunca ter usufruído de condições de treino ideais, pois sempre se recusou a abandonar a zona de Aveiro onde vivia.

E fiquei com pena de o postal só me dar espaço para te felicitar

Manuel

MARIA CARLOS CASQUEIRA, a FALOCA

 

Ti Maria:

Já lá vão tantos anos, mas a sua figura, mandanta da seca “Testa e Cunha”, muito alta e forte, muito alegre e amiga da “rambóia”, ainda hoje é lembrada. E perguntamos: que é feito das suas “meninas”, as operárias que mandava e dirigia? Onde está a varita que trazia sempre na mão?

Poucos recordarão, mas ficou na memória colectiva: quando lhe nasceu o filho, o sr. Cunha mobilizou os empregados da seca para comprar o enxoval para o recém-nascido, sem seu conhecimento. Logo o poeta popular cantou:

Houve um desconto

Numa seca ali para o norte

P'ra comprar um berço de conto

Dinheiro, moeda forte!

Com que saudades a cumprimenta o

Manuel